É uma historinha mais ou menos assim...
Relato Marceleza
Em dezembro de 2010 teve início essa prosa quando nóis tava da casa do cumpadi Luisinho e levantamos a lebre.
- “Cumpadi, Nóis vai de Patos pra Caldas de bike e pela terra. Só nas trias e
estradões pra curtir o visual do interior num cicloturismo NO STRESS”.
Com base nessa ideia, o projeto foi desenvolvido com cientistas especializados, computadores de alta tecnologia, lápis sem ponta e mapas sem linha...
Dia 21 de fevereiro 22hs
Partimos de carro em direção a Patos de Minas, enfrentando muita chuva e escuridel até lá.
Chegamos às 2hs da madruga em nossa primeira base (casa da minha Sogra) e fomos recepcionados com torta de frango e milho cozido ao estilo mineiro. Bão D+.
Nessa madrugada fomos dormir por volta das 3hs da manhã.
PRIMEIRO DIA
22 de fevereiro,
120,50 km pedalados
15,3 km/h de média
07h48min de pedal
Acordamos por volta de 7h e no café tinha pão de
queijo e rosquinhas das mais gostosas.
Preparamos as bicicletas após o café e partimos por volta de 9h.
Os primeiros 40km foram só alegria e causos.
Depois de umas 2h de pedal, paramos para comer uns nigucim. Prato do dia: "batata cozida".
Seguim
Continuamos em nosso pedal enfrentando o PARA O ALTO e COM LAMA. Isso mesmo, a chuva passou pela estrada e feizi laminha!
Pegamos uma lamão de mais de 1 km e as bikes viraram um bloco de terra melequenta, fazendo com que a pedalada ficasse muito difícil depois daquele lameiro todo.
Depois de 8 km de pedal, mais uma paradinha numa biroska para tomar uma coca geladinha, geladinha (na trilha é bão d+).
Pouco depois, cruzamos a fronteira (limite de municípios), e agora estávamos em território Coromendaliano (terras Coró).
Ao chegar ao trevo para Coromandel, retornamos para o asfalto, e agora eram só mais 10 km até nossa primeira parada.
Chegando a Coromandel, fomos direto para uma padaria fazer uma boquinha, e lá a destruição foi total. Entornei umas 4 roscas, 2 cocas, 1 picolé e 1 gatorade. O Luisim DedoDilata pediu um queijo quente e um chá. Êta mininu ligth!
Depois de resorvidos os probremas da pança, fomos em busca do hotel e encontramos um que não aceitou entrar com as bikes. Resultado: Perdeu dindin.
Partimos em busca de outro e achamos o Hotel Alemão, que nos recebeu com bike e tudo e ainda indicou um restaurante para nosso jantar.
Jantamos num restaurante próximo da rodoviária de Coromandel, o KABANA. Incrivelmente, no referido existe uma funcionária que é de Santo Antônio do Rio Verde, que foi nosso próximo destino. Diante do fato, colhemos muitas informações e fomos finalizar nosso dia em uma sorveteria.
SEGUNDO DIA
23 de fevereiro,
105,03 km pedalados
16,0 km/h de média
06h34min de pedal
Dia claro, céu azulim e nóis na estrada novamente, agora pedalando para Santo Antonio do Rio Verde - GO.
Pegamos uma estrada de terra logo após pedalar por uns 10km no asfalto.
Em território montainbikeano, fomos logo perguntando aos passantes os detalhes sobre o estradão que nos esperava e as dicas nos levaram até um desvio onde nosso caminho era somente para pedestres, bicicletas e motos. Olha que para passar com uma moto o piloto tinha que ser muito doido!
Já tava definido o caminho pelo pequeno rio quando de repente surgem dois matutos e uma voz mineirosa pronuncia:
- "Pusquê oceis num vai pela pinguela".
Passamos por aquela pinguela bem vagaba e quase metemos o pé na água.
Obstáculo transposto, pedalamos por mais uma hora até chegar a um rio sem ponte. Agora era comer umas goiabas gentilmente fornecidas pela natureza enquanto o canoeiro chegava até a margem onde estávamos.
Depois de aguardar um pouquinho, fomos devidamente embarcados e seguimos até a outra margem para dar continuidade ao Desafio Minas Goias de MTB XCTour.
Depois de transpor o rio, cometemos um pequeno erro de trajeto. Um errim de 6km (ida e volta). Viramos pra direita, quando o certo seria seguir na estrada da esquerda. Mas esse erro não foi totalmente perdido, pois encontramos com Sr Marciano, que acabou nos indicando um hotel em Santo Antonio do Rio Verde e também forneceu água para abastecer nossos tanques para seguirmos devidamente hidratados.
Chegando em Santo Antonio do Rio Verde, novamente atacamos uma padaria e, na sequência, direto para o Hotel da Dona Lázara.
Já no hotel de Dª, Lázara, de banho tomado e com as roupas secando no varal, fomos jantar no restaurante do próprio hotel.
O fato de existir por ali um fogão a lenha na cozinha já anunciava que aquele seria provavelmente o melhor jantar. E assim foi.
Comida até derrubar o biskretistaturístico e, logo após o magnífico rango, fomos até uma lanhouse para olhar no google maps como seria o nosso próximo trajeto (de Sto. Ant. Rio Verde ate Ipameri).
Com informações pouco confiáveis, já estávamos dispostos a encarar 140 km de asfalto para não ficar perdidos no" mei du mato".
O melhor é sempre conversar com os nativos, porque já existiam pelo caminho algumas novas represas que inundaram boa parte das trilhas antigas, e essas represas ainda não apareciam no Google Maps...
Dispois das pesquisas, voltamos para o hotel e fomos dormir lá prelas 21h.
TERCEIRO DIA
Manhã do dia 24,
103,55 km pedalados
16,2 km/h de média
06h22min de pedal
Acordamos sob chuva fraca e céu nubladin, nubladin. A expectativa era de um dia de pedal "moiado". Fomos tomar café. Café simplão: pão, leite e café. Ao sentar para tomar o café a srª Delmília, juntamente com sua irmã, a Dª Lázara, nos contaram uma historia no mínimo intrigante.
O CAUSO DO CARECA
Ocorreu na noite do dia 23 um delito na cidade de Stº. Antº e a POLÍCIA local - um efetivo de quase 2 PM´s -, estava a procura de um meliante que ludibriou um Sr Veinho com um papo furado prumodi benzer o Véi. O engraçado é que o charlatão mandou o veim tirar as calças, e no vai e vem da benzeção, o véi foi roubado pelo safado do BENZEDOR CARECA, que estava na cidade a menos de um dia.
Com base nessas informações, na cidade do interior o Ti Luisin já estava famoso, e o DEDO DE SETA já estava comendo solto pela redondeza.
- "O CARECA TÁ LÁ NA DONA LÁZARA!”
Já foram dizendo os fuxiqueiros de plantão.
Assim, por volta de 23h, a viatura policial estacionou em frente ao hotel de Dna Lázara e os PM´S perguntaram na lata:
-"Qual é o quarto do rapaz careca?"
Dª Lázara e Dª Delmília questionaram:
-"O que esta acontecendo? Por quê querem saber o quarto dos rapazes?"
O efetivo policial detalhou o fato juntamente com o véim:
-"Ocorreu que o meliante careca enganou o véim com uma benzeção fajuta e roubou o dinheiro dele. Foi um rapaz careca, forte, alto, negro e bem vestido".
Com essas informações, no mesmo instante nossas anfitriãs caíram na risada, pois entenderam que se tratava de um “pequeno” engano...
-"Os rapazes que estão aqui vieram de bicicleta. O rapaz careca é baixinho, fraquim, branquim e tava mal com umas roupinha suja e bem fedorentim".
Esclarecidos os fatos, e com o ti Luisin se sentindo lisonjeado com os adjetivos salvadores, tomamos café sobre fortes gargalhadas de todos no local.
Debaixo de uma chuvica bem fraquinha, decidimos partir em busca do novo destino, IPAMERI.
Saímos por um estradão de asfalto e, no caminho para Ipameri, a ideia que não parava era a opção por asfalto. Asfalto não tem a adrenalina e o desafio das trilhas, já estávamos sentindo falta da terra.
Fomos girando pelo asfalto e curtindo a paisagem e paramos em uma ponte sobre o Rio São Marcos. A ponte é longa, e quando os caminhões pesados passavam sobre ela o saculejo era sinistro, pois balançava muito!
Tiramos algumas fotos e fomos em frente.
Após girar por alguns km e passar pela entrada da estrada de terra, vimos uma casa e um cidadão parado na frente dela. Paramos para bater um pequeno papo informativo.
O citado cidadão não sabia muito bem como era a estrada de terra, mas enquanto falava, chegou um sr numa CG125. Esse sim, sabia tudo sobre a região.
Pegamos ótimas informações, e o camarada deu detalhes do trajeto por terra e, para nossa alegria, era completamente viável.
OBA, voltamos pro chão batido!
Foi só pedalar 1,5km e encontramos a estrada de terra.
A alegria voltou e fomos imitando o papo do tiozão por uns 10 km (mineirez bem puxado).
-"Não, UAI! O camin é por aí mes! E facimdimais! Não, pelasfalto é muimaislonge!"
Já na terra a historia foi outra, e na maior animação fomos só lembrando a história do "meliante careca" que foi confundido com o ti Luisim. kkk
Seguimos pedalando e analisando o terreno, e não batia nada com as informações do Google, confirmando que o melhor GPS é o morador do local.
O trajeto de Stº Antonio do Rio Verde até Ipameri foi por estradões estreitos, estrada de circulação de veículos e máquinas para escoar a produção de soja. MUITA SOJA, muita mesmo!
Seguimos e tivemos como ponto marcante uma ponte de madeira caindo aos pedaços. A ponte era estreita e com uns 30 m de comprimento. O mais legal foi presenciar um caminhão basculante passando por ela. A ponte balangou toda, pois as madeiras estavam quase todas soltas. O motorista parou o caminhão após passar pela ponte e foi perguntar se vimos as madeiras soltas.
O cara é doido! Ele usa a ponte pra atalhar o trajeto até uma draga, mas o pior é voltar carregado e ter que passar por lá novamente...
Depois da ponte foi só estradão até IPAMERI.
Chegando a Ipameri, fomos tradicionalmente até uma padaria e depois para um LAVA JATO para preparar as magrelas barrentas para o último dia de pedal.
Já com as bike limpas, fomos procurar um hotel, o que foi fácil, pois eles já estão acostumados a receber cicloturistas.
Subimos com as bikes, e após eliminar a tradicional capa de poeira, fomos procurar um lugar para rangar.
Traçamos massa, e comemos tanto que a garçonete ficou abismada com tamanho apetite. kkkkkk
Saímos do restaurante e ti Luisim ainda queria tomar sorvete. Fomos até um pequeno estabelecimento localizado na mesma praça para atender a esta demanda do ti Luisim esfomeado. Ao chegar à sorveteria, a dona não estava lá, mas chegou correndo após uns minutinhos. kkkkkkk.
Após o ti Luisim degustar o sorvete, fomos hibernar no hotel para digerir toda aquela comilança desenfreada.
A CHEGADA
25 de fevereiro,
62,68 km pedalados
19,7 km/h de média
03h11min de pedal
Seis da manhã e já estava tudo pronto para zarpar, faltava apenas o café do hotel ficar pronto. Esperamos por 30min e enfim tomamos o nosso aguardado desjejum.
Na seqüência, partimos com destino a Caldas Novas – GO.
Fomos girando pelo asfalto - o asfalto não guarda muitas histórias e emoções. Uma pedalada sem churumelas e de pouca adrenalina. Algumas pontes e um bom tanto de subidas até chegar a Caldas às 10hs da manhã.
Paramos na entrada da cidade para registrar umas chapas do final da trip e fomos para o hotel, pois minha loira Luciana já me esperava ansiosamente.
O céu da cidade nos abençoou e jogou sobre nós uma forte chuvarada de saudação. Estacionamos as bikes em um quarto e fomos para piscina, porque depois de uma trip de mais de 400 km nada como um bom banho nas águas termais de Caldas Novas.
No mesmo dia o ti Luisim se mandou para Brasília, porque o homi tava cheio de saudades da muié (Tia Adélia) e do filhão (Luca). Eu fiquei em Caldas no maior relax com minha charmosa loira, cozinhando os ovos nas águas quentes da cidade enquanto relembrava os divertidos causos pedalísticos vividos nos mágicos caminhos que ligam Minas a Goiás.
Abraços e boas pedaladas!!!
Marceleza e LuisimDedoDeLata