PELA ROTA DOS TROPEIROS - MG





CICLOTURISMO PELA ROTA DOS TROPEIROS - MG  set / 09


Aproveitamos um casório e fomos cicloturistear por aí, futucando as estradas mineiras com as sombras de nossas magrelas pra fazer uma pedalação de fino trato.

O mundo das rodeiras giradas por propulsão humana estava pronto para se rejubilar, porque eis que mais duas almas se unem pelos sagrados laços do matrimônio, conforme testemunhas oculares do ato em questão puderam confirmar, na cidade mineira de Patos de Minas.
MarcelezaStrikinninni e LucianaStrikinninni formam agora o mais novo belo par tanden, pedalando sobre as frondosas e auspiciantes trilhas da ilha de Fernadosa Noronhesa, onde curtem seu paradisíaco luamento nupcioso.

Piki da Trilha na preparação para a pedalação

Embalados pelo importante acontecimento, dois pedalantes do quadrado defelino (LuisinhoDedoDeLata e este escrevente) optaram por seguir pedalantes para o casório festamento, girando serelepes pela trilha outrora deixada pelos tropeiros dos tempos de antigamente, onde foram vislumbrando as veredas repletas de buritis, garças, cobras d'água, sapos e pererecas.

O roteiro foi toscamente estudado, mas, pelas prévias futricações realizadas, se sabia que as paisagens a que os aventureiros teriam acesso lhes deixariam de queixo deslocado.
O traçado iniciou em Brasília, passando por Cristalina, Paracatu, Guarda-Mór, Vazante, Lagamar, Presidente Olegário até chegar ao final destino, Patos de Minas/MG.

Grande parte deste percurso é conhecido como Rota dos Tropeiros.
Os tropeiros eram os levadores de notícias, encomendas e riquezas. Eles eram quem faziam as ligações entre povoados, abriam vias para explorar novos locais e também acabaram por descobrir jazidas de ouro, diamante, etc. Muitas das estradas que cortam as Minas Gerais e outros estados do Brasil foram abertas por esses destemidos desbravadores, que com suas tropas constituíam a única e melhor infraestrutura para deslocamentos.

Os tropeiros eram, em sua maioria, portugueses, e, no início da atividade tropística, usavam primordialmente o lombo dos escravos para transportar as cargas, depois, com a abertura de estradas, começaram a utilizar mulas.
As rotas desembocavam na Estrada Real no conhecido "Caminho Velho", mas, com a abertura do "Caminho Novo", saindo diretamente do Rio de Janeiro, o antigo foi praticamente abandonado, pois o tempo de percurso foi muito reduzido.
Aproveitando-se de sua condição de monopolizadores do sistema de transporte, os tropeiros se tornaram riquíssimos, acumulando, em muitos casos, fortunas maiores que as dos donos das minas.

Pedalando por esses traçados históricos, e ainda ouvindo o som das chibatas tinindo nos ouvidos, fomos de toada boa, prontos para aproveitar bem os dias. Êiaaaa!


07/09/2009   -   1° dia    BSB à Cristalina

Como o percurso escolhido estava todo asfaltado, DedoDeLata pedalou uma speed Scott pneu 700x23, e eu, uma híbrida Trek de aço pneu 700x38.

Speed Scott e híbrida Trek

Saímos sempre quase cedo, depois de forrar as panças com frutas, queijos, pães, sucos e outras nutrições. Partimos de Bsb pela BR 040 riscando o asfalto desse mundão sem porteiras.
Carga minguada pra aliviar o peso, levando um dedo de quase nada no bagageiro.
Corpo leve só com roupa no couro e pressa pouca.

Bikes no acostamento da BR 040


Os caminhos são ladeados por belezas ímpares e pares, e a todo instante se ouve o estridente chamado dos periquitos. Conhecemos os portais da Lapa Grande, saboreamos banana frita com polenta e fornimos a timba com macarrão grosso esparramado no extrato de tomate frito, torresmo com paçoca, pururuca, pamonha com queijo temperada com ervas finas, feijão tropeiro com bife dos zoião, pão de queijo quentinho, cafezin torrado e moído na hora e outros tantos quitutes estimulantes das babanças gustativas.


Parada numa Pamonharia antes de chegar em Cristalina

Lubrificamos nossas sedentas goelas com os mais puros fermentados lupolosos energizantes que tanto cooperam para a manutenção da vivacidade pedalativa.


Povoado abandonado e em ruinas na BR 040

Ao meio dia, ou mais um pouco, parada para forrar o pandu e procura de lugar pra pouso. Foi onde um dia se chamou de Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, lá pros idos século XVII, quando todas essas bandas ainda pertenciam a Capitania de São Paulo e os cristais afloravam a olhos vistos. Hoje todo esse mundel é conhecido por singela Cristalina/GO.



Bikes no Hotel 2000 em Cristalina

 Sempre escolhendo lugares com selo 3B (Bão, Bunito e Barato), esticamos as pernas no Hotel 2000. Parada já outrora conhecida de passadas aventuras em duas rodas. Depois, bater perna pela cidade pra prosear e conhecer o lugar. Soneca, sorvete e rango. Êta, trem bão!
 
Forrando o pandu depois de um caprichado banho

Nos envolvemos em outros tantos papos povoados de planificações para novas pedalações futurísticas, povoando a imaginação pedivelante com seus olhares pela redondeza da esfericidade terrestre à caça de novos roteiros serenamente imaculados.

 
Carboidratos na janta pra fazer carga pro pedal de amanhã



08/09/2009   -   2° dia  -   Cristalina à Paracatu

Saída do Hotel 2000 em Cristalina
Antes da cantoria nos galinheiros e ao banhar no horizonte os primeiros raios do astro rei, estávamos pelo rolamento da manta  asfaltica da BR 040. Região conhecida desde o século XVI pelo aluvião do rico metal dourado. A Coroa Portuguesa elevou o “pacato” arraial à Villa do Paracatu do Príncipe. A única cidade histórica do noroeste mineiro. E prá lá, que a trip seguia.


Parada pra descanço e hidratação no acostamento da BR 040
 
É de bom tamanho que o pedalamento cicloturístico não produza empanzinamento sensorial na criatura bicicleteira. Para tanto, um prévio mergulhão no processo relaxativo se faz necessário, expurgando as preocupaduras repetitivas da lida quotidiana. Assim, se dá lugar ao avivamento desobistrutivo das vias criativas que levam o indivíduo a experimentar a real dimensão da liberdade.


Estamos no Circuito dos Tropeiros de Minas

Os mineiros são piadistas. Um certo senhor nos encontro numa parada e diz que vai trocar seu carro por uma bicicleta. Já era a terceira vez que nos encontrava no percurso. Isso aconteceu porque estavam realizando reparos na BR, e enquanto os carros paravam, nós seguíamos.
Nas paradas refrescativas e de reabastecimento, algumas perguntas eram sempre repetidas:"Donde cêis vem?" "Pronde cêis vão?" "Nooooosssaaaa!" "Di bicicreta?!" "Cêis tão é doidu!" "Di carro né mais rápido naum?"


Pneu furado ...


Existem trechos longos sem vivalma e onde somente os passarinhos nos ultrapassaram. Ao parar naquelas imensidões, nos deparamos com a simplicidade desburocratizada da vida original, onde se vive muito com pouca coisa.

As imensidões do cerrado

Fomos saudados pela emocionante cumprimentação, que saltou alegremente esfuziante, tanto de pequenos quanto de grandes, estivessem eles descalço, de chinelas, rodeiras ou até mesmo esteiras.


Almoço em Paracatu


Encontramos outros entusiastas das aventuras biciclonáuticas, os quais nos abordaram como se já fôssemos velhos amigos, tanta sincronia energética havia em nossa circulante maneira de encarar a vida.

Piki da Trilha e Toninho dos Leões do Gama 

Foi o caso do Toninho, pedaleiro praticante do grupo Leão do Gama, com o qual tivemos biciclopático encontro em Paracatu.


Esticando as canelas
 
Com o pouso garantido num Hotelzinho atrás do posto de gasosa, corremos para encontrar a redonda e suculenta pizza do lugar.


Chafariz da Villa do Paracatu do Príncipe



Agora é hora da pizza



09/09/2009   -  3° dia   -  Paracatu à Vazante

Nos primeiros raios do amanhecer o suor já escorria pelo rosto na MG 188

Cadeias de montanhas foram nossas companheiras, bem assim como as flores do Ipê Amarelo, o animado canto estridente dos bandos de jandaias que sobrevoavam nossas cabeças e disparavam rasantes sobre os mil lagos e veredas do caminho.

Antes de cada descida tem que encarar uma boa subida


 
 Saímos da “pacata” Paracatu pelas elevadas subidas da MG 188, de trafego pouco e com a calmaria pedalante do cicloturismo.

Calmaria da MG 188

Altiplanos e vales. Descidas zunidoras despentearam as costelas e deformaram a face. Depois, escaladas everestianas com sol no lombo serpenteando pelas encostas das serras sem fim.


Veredas e Buritis na margem da rodovia

Íamos de encontro a capital nacional do zinco, a cidade de Vazante das Minas Gerais. Cidade nascida na fazenda de mesmo nome, onde pessoa iluminada, um dia viu na boca de uma caverna, a imagem da Santa Maria Imaculada, com o seu sagrado rebento no colo, como  um dia, numa manjedoura na longínqua Belém.
O lugar assim se desenvolveu ao redor da entrada da Lapa Velha, com romarias, Santuário e as minas de zinco.

Parada pra hidratar e checar a relação
Estrada compartilhada com a sombra e o vento, com sol e o calor.
Nos retões e sobe e desce, glândulas sudoríparas produziram aos borbotões enquanto nossos olhares se extasiaram com a infinidade de vislumbrações encantativas que nos surtiram alegramentos renovatórios.

Chegamos em Guarda-mor
 
Chegamos à Guarda-mor quase pela “Picada de Goiás” por onde exploradores no século XVIII, cruzaram desbravando esse sertão, ligando o Rio de Janeiro a cidade de Goiás. Depois vieram os tropeiros com suas mulas, e agora somos nós com as magrelas.



Vazante é logo ali...

Horizontes infinitos, vales florestosos, matas ralas e densas com rios e riachos que nos envolveram com os mágicos e suaves sons de seu silêncio. Nós, meditativos, mergulhamos embalados pelo mântrico pedalar rumo ao nirvana giroscópico que nos esclareceu a mente e iluminou os pensamentos.
 

Entrada da Lapa Velha na cidade de Vazante

Ao frescor das sombras arborecentes de uma curva da estrada, chega ao nosso lado DelhaGatinha em seu possante de quatro rodas e fala: “ Alô rapazes!”. Devido a particular barrigues da prenhes, não podia compartilhar da pedalação, mas não ia perder o rasta-pé do casório em Patos.


Adélia forrando o bucho com agente

Eita rango bom...

10/09/2009  -  4° dia   -   Vazante à Pato de Minas

Carro de boi à vela na saída da cidade de Vazante
O senhorio da pousada nos disse a direção a tomar: “Ocês ruma pros lado do carro de boi à vela, e ná incruziada do trevo seguiií reto toda viiiida, pras Serrarias do Chapadão das Vertentes. Lá donde cês com essas bicicretas, arriba um catiquim só, pra cima do morro, pois o subidão é tão forte cumo sopa de muié parida”


Açude nas margens da BR 354
 Depois da descrição detalhada da saída da cidade, pela subida da BR 354, deu um frio na barriga e as canelas doeram como espinhela caída.


Subidão da BR 354...

Proseamos muitas filosofações e descobrimos o poder na sutileza da vagarosidade.



Visual da BR 354 no Chapadão das Vertentes
 Estávamos na crista da chapada que é o divisório de águas pras bacias do rio São Francisco de um lado e do outro, do Rio Paranaíba.

Divisor das bacias do rio São Francisco e do rio Paranaíba
Vivenciamos um outro ritmo, onde a vida escorre lenta e é mais contemplativa. Pedalamos ao sabor do vento e desaceleramos a toada para curtir cada momento vivido na vastidão das Minas Gerais.

Parada na sombra da estrada

 Passou-se Lagamar e Presidente Olegário, como poeira em tropa de mula na ladeira.

Patos tá logo ali...

  
Zilhões de moléculas foram deixadas pra trás e trocadas por outras novas. Na tela do nosso pensamento é projetado um novo filme multicolorido que nos teletransporta para novas outras dimensões.
Ouvimos os "dizê" dos nativos e papos científicos de como se deve saborear uma cerveja de latinha, e acabamos aprendendo como os rapazes convidam as donzelas para um banho: "Ô Chica! Vamu ali nu rio moiá a perereca cum nóis?!"


Ufa!! Chegamos...

Ao chegar na cidade patosa, que além de seus encantos é a capital nacional do milho. Provamos deliciosas pamonhas na casa  de dona sinhá e fomos ao festeiro encontro confraternizativo com nossos amigos do pedal que tanto alegram nossa alma pedalante.

Piki da Trilha na porta da Matriz em Patos de Minas

Daí, foi ir pro casório, rastá os pés no salão e entornar uns trelelês ao som de vários praticumbuns.
Toca a viola, DJ!

Lu e Marceleza na festança do casório

Agora é hora de voltar pra casa...


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O PIKI NA PICADA DE GOIÁS

 O Piki da Trilha na Picada de Goiás

O PIKI NA PICADA DE GOIÁS  
BSB - GOIÁS   jun / 2009


Cicloturismo de Bsb até a cidade de Goiás, a bela terra da peotisa Cora Coralina.
Estradas, caminhos e picadas no sertão. Como relatou Darcy Ribeiro:

“Mundo goiano meu de velhas estradas minhas, acabadas, perdidas. As estradas novas, alheias, aí estão cruzando tudo. Se fazem e se refazem, retíssimas. Asfaltadas, caminham correndo em cima de automóveis, velozes, sem saber se o cerrado está seco ou florido. Sem ver ninguém. Ou só vendo uma pedra, uma casa, um poste na beira do caminho. Aquilo é um homem, uma mulher ou uma coisa?”

A “Picada de Goiás” ou “Caminho do Sertão” foi umas das Estradas Reais surgidas no Brasil no século XVIII, durante o ciclo da mineração. No século anterior, os bandeirantes paulistas, à procura do dourado metal, criaram povoados como: Arraial de Sant’Anna (Villa Boa de Goiás), Arraial de Meia Ponte (Pirinópolis), Arraial de Nª Senhora da Penha do Corumbá, Arraial de Montes Claros (St° Antônio do Descoberto), Arraial de St° Luzia (Luziânia), Paracatu do Príncipe e etc.
Em meados de 1750 a Coroa Portuguesa eleva a região a Capitania de Goiás com capital em Vila Boa e determina a abertura de uma estrada interligando esses povoados ao Rio de Janeiro. Era origem da Picada de Goiás.
Este sertão era morada de índios Goyás e Caiapós, e vários Quilombos existiam pelo caminho. Os desbravadores demarcaram a estrada, e deixaram um rastro de destruição e massacres pelos chapadões.

Piki da Trilha
Na poeira dessa história, intrépidos pedaloucos de Brasília do grupo Piki da Trilha: EliasContadorDeEstórias, DelhaGatinha e eu, LuisinhoDedoDeLata, decidimos cicluturear e conhecer parte do que um dia se chamou: O Caminho de Goiás.  
      
11/06/2009    -   1° dia     LIGEIRAMENTE GRÁVIDA

Foi numa dessas manhãs, onde o frio corta o casaco e rasga o couro da venta com seu enregelamento, que de Brasília, sapecamos as canelas nos pedivelas e rumamos pra cidade da inspirada poetisa goiana Cora Coralina.
Na noite anterior, um farto rega-bofe promovido e conduzido pela DelhaGatinha - experiente personalidade  na divina arte do forno e fogão. Esse dom dos quitutes foi coisa das boas, transmitida via DNA. Advindo dos mirabolantes dotes de seu genitor e mago das colheres dos mestres cucas, o famoso JoaquimMãoDeTempero.


Pelas estradas de Goiás
Saímos cedo como de costume, bike tinindo, alforje arrumadim e gorro nas oreia pra num torá de frio.
Rumamos, ainda escuro, pras bandas de Sto. Antônio do Descoberto pela BR 060. Tudo ia muito bem, e melhorou mais ainda, pois luz da alvorada lambeu os vales verdes do Descoberto e do alto da DF 280, contemplamos singela pintura.

Parada na Cidade Eclética para hidratar


Tem muito chão ainda

Parada na cidade Eclética para uma eclética hidratação e
forração do bucho. No sobe e desce dos tobogãs no cascalho do cerrado, a poeira subiu ao passarmos ao largo da porteira da Fazenda Preto Velho. Ao longe se ouviu o esturrar de onça e o miar da jaguatirica. Estávamos chegando a Aparecidinha de Loyola.


Vamos secar as canelas nos estradões desse mundão véio sem porteiras
Olha o esturro da onça!!

Igrejinha de Aparecidinha de Loyola

DelhaGatinha deu os primeiros sinais de cansaço. Não sabíamos que além do alforje, ela carregava no seu ventre o mais novo integrante do Piki, o LucaSapeco. Ainda nem apontava por baixo da camisa, mas já fazia o seu primeiro cicloturismo nadando na barriga da sua mãe.

Luca já "nadava" no ventre da Adélia na sua primeira cicloviágem
 Quando subimos as pedreiras da Serra dos Pirineus, parecia que ela levava uns 10 sacos de cimento Votorantim de Cocalzinho, amarrados no seu bagageiro. 

Tobogã do trajeto da Estrada Colonial antes de chegar em Cocalzinho
Em Pirenópolis corremos para a Pensão Padre Rosa.  Parada oficial dos ciclistas para repor as gorduras queimadas nas trilhas. Depois fomos pra Pousada Beija-flor relaxar as canelas.

O Verde da Sempre Viva no meio do Cerrado e da estrada


Estamos no Parque Estadual da Serra dos Pirineus


Formações rochosas do parque


Rango da Pesão do Padre Rosa em Pirenopolis


O entardecer na cidade de Pirenopolis

12/06/2009     2° dia     NA TRILHA DOS TROPEIROS



Na Pousada arrumando as tralhas

Saída de Pirenópolis reabastecendo os "comis e bebes" no mercadinho

Pela manhã, descansados e dispostos, seguimos pela saída de Goianésia. Quebramos a esquerda no entroncamento de terra da BR 070. As costelas de vaca da estrada, quase cairam com a nossa espinhela.


Atalho por entre fazendas para fugir das costelas de vaca da BR 070

A Picada de Goiás era um conjunto de vários caminhos que levavam ao mesmo destino. Então pegamos um atalho à direita por entre fazendas, riachos e pontes de madeira centenárias.


Passamos por pontes de madeira

Cortamos fazendas e cerradões

Um visual fantástico
Trechos de pedra talhada, como um calçamento no meio do nada. Estávamos girando, com nossas magrelas, numa rota de tropeiros. Mulas, riquezas e escravos por ali um dia passaram. Depois de muito cerrado, poeira e suor chegamos à BR 153 (Belém – Brasília). Logo estávamos nas antigas terras das aldeias dos índios Jaraguás. Hoje apenas conhecida como a cidade de Jaraguá, pólo da industria de confecções de Goiás.


Vá de bike


No restaurante do posto, enchemos o pandu. Depois fomos nos esticar na sombra e regar o couro com a água morna do Hotel Shalom.


Ufa!! Chegamos em Jaraguá
Ao escurecer saímos a pé pra procurar um sorvete e gelar as goelas. Daí, melhor prosear da pedalação do dia.


Antes de dormir pizza e sorvete pra rebater


13/06/2009    -     3° dia      SERRA DOURADA DE GOIÁS

Sai do Hotel sem entregar as chaves...

No caminho da cidade de Goiás pelo asfalto

         Com as orelhas e cangotes embatumados de protetor solar, seguimos ao raiar do dia em direção a Serra Dourada. Paredão onde o bandeirante Anhanguera, viu um dia refletido os mesmos raios do astro rei, que nele se fez uma cor dourada igual ao do metal que ele tanto cobiçava. Daí o nome “Serra Dourada”, nas cercarias da cidade de Goiás.


Visual na estrada
Giramos pra saída da cidade pela GO 427 rumo a Itaguaru e depois pela GO 154 para Itaguari. De volta a BR 070, asfaltada e com largo acostamento, seguimos pra Itaberaí. Dois pensamentos passavam pelas tiras do meu capacete: Em “Ita” que em tupi-guarani significa “pedra”, e no poema de Carlos Drummond de Andrade, um grande amigo de Cora Coralina:

        “...tinha uma pedra no meio do caminho
             No meio do caminho tinha uma pedra.”    


Molecada nos acompanhando nas cidades
         
Ali giramos por intermináveis tobogãs num asfalto ruim e muito remendado.               
A região possui grandes projetos de agroindústria e as estradas não estão agüentando o tráfego dos caminhões.  
De repente, aparece no acostamento, um tapete de amendoins secando ao sol. Foi um sinal para a parada de hidratação e reposição de “calorias”.


Secagem de amendoim no acostamento da rodovia

Seguimos em passo maneiro pra não cansar os costados e a lombar, já que a soleira castigava.


Última subida pra chegar na cidade de Goiás

Muito ainda se falou e sobe e desce se passou até enxergarmos a Serra Dourada de Vila Boa e o fim da Picada de Goiás.


Serras que rodeiam Goiás Velho

Entramos serelepes pedalando no calçamento irregular do centro histórico da velha capital. Passamos pelo antigo prédio da câmara e cadeira, e nos jogamos no gramado em frente ao Chafariz da Boa Morte da cidade de Goiás. Mortos de cansados e de fome, mas felizes pelo fim do desafio.

Descanso na frente do Chafariz da Boa Morte da cidade de Goiás

Prédio do antigo fórum e cadeia da cidade
O fiel amigo pedalante DanielDesceTudo, nos esperava numa sombra a beira do casario colonial, para o estratégico resgate da intrépida trip.


 O DanielDesceTudo veio nos resgatar

Anhanguera, quando chegou às margens do rio Vermelho, pôs fogo num cuia de aguardente. Os gentios se impressionaram, acharam que estavam diante de um Deus. E levaram o astuto bandeirante, ao local onde recolhiam as lascas de ouro, que adornavam os colares das suas índias.


Fogão de lenha da cozinha de Dona Morena
Impressionados ficamos, ao sentir o delicioso aroma que vinha das panelas no fogão à lenha de dona Morena. Era a hora de forrar o bucho.


Piki da Trilha com o Bucho já forrado


Depois de lavarmos a poeira grudada no couro. Deixamos os becos de Goiás. Os mesmos becos, cuidadosamente descritos nos poemas da doceira Cora Coralina.

Descanso de magrelas

Adélia na Janela

Casario goiano



VÁ DE BIKE, PRATIQUE CICLOTURISMO.